Friday, January 07, 2005

Parábola da Cantina

Talvez devido à nossa matriz judaico-cristã sempre vimos a parábola como uma excelente forma de pedagogia, vou por isso (tal cesar das neves) tentar partir de um acontecimento simples para uma conclusão mais ampla.
Normalmente quando se levanta esta questão: Qual o melhor investimento, Público ou Privado? Surgem de imediato longas e acaloradas discussões, dizendo-se por um lado que só o Estado com os seus fundamentos altruístas em prol do bem comum pode de facto investir de forma mais eficaz. Por outro existe o outro "clube", o clube que apregoa: "menos estado, melhor estado" que identifica qualquer intervenção pública como ineficiente.
Não querendo ter a posição mais simples de que "no meio é que está a virtude" parece-me que neste caso o melhor é de facto qualquer coisa do género. Basta ver o que aconteceu recentemente na nossa cantina.
Até ao final do ano passado a cantina e o bar do ISEG eram da responsabilidade dos serviçios de accão social da UTL (SASUTL), sendo o serviço aquilo que todos conhecemos, quer em termos de rapidez de atendimento e de qualidade das refeições (basta dizer que a cozinha apenas era utlizada para reaquecimento das refeições - as famosas batatas fritas aquecidas - ). Desde dia 3, que a responsabilidade do bar e da cantina passou para uma empresa privada, e os resultados estão à vista, mais qualidade, maior rapidez, com os mesmos custos. Mantendo-se a comparticipação pública que faz com que os preços nos surjam a um preço bastante mais baixo que o real.
A grande diferença reside em dois pontos : controlo de qualidade e gestão (aquele senhor simpático que nos pergunta se está tudo bem e que vai dando algumas instruções às funcionárias) aumento da responsabilização do concessionário através de contratos com menor duração.
Esta fórmula, quando aplicada correctamente pode resolver problemas que nem a pura iniciativa privada nem o Estado sozinho conseguem resolver. Basta ver o exemplo das SCUTS, onde o principal erro foi retirar totalmente ao utilizador os custos de utilização. Ou o caso dos Hospitais SA, onde o Estado ficou com a responsabilidade total das dvidas dos Hospitais.
A estória da cantina pode pois aplicar-se genericamente da seguinte forma: o estado constrói infraestruturas, entrega a exploração a privados, regulando o preço para facilitar o acesso aos bens e serviços.
Deve ser esta a forma de suprimir as falhas de mercado em casos onde existe vantagem privada. O problema surge quando atrás da iniciativa privada(ou publica) vêm interesses individuais... Mas só isso já justificava um post, opto por por a seguinte restrição ao modelo: o Homem é por natureza honesto.


P.S: esqueci-me de fazer uma referência ao fim da função mais estupida e burocrática de sempre : a funcionária que se limitava a recolher canhotos das senhas da cantina - onde é que este país irá parar??

9 Comments:

Blogger Rui said...

Bem devo dizer que ja experimentei algumas melhorias, mais escolha nos pratos disponiveis (4 ou 5 versus 2), a qualidade parece-me ter subido um pouco.

Outra grande melhoria é ser atendido no bar ao pé dos anfiteatros de manha antes das 9h30m, fantástico! A funcionária anterior so atendia se estivessem outra funcionária na caixa e ficava a fazer tempo a repôr a banca (croissaint a croissaint, fazer sandes) depois levava o carrinho de volta para cima, mais uns minutos de conversa.. regressava e enfim, o que era para estar aberto desde as 9h estava não funcionava.

January 8, 2005 at 1:06 AM  
Blogger Goncalo Boavida said...

Ora vamos por partes:
Em pimeiro lugar saudo os carissimos colegas que tão nobre iniciativa tiveram. É um prazer saber o que se vai passando pelo ISEG ainda mais pela boca de tão famosos iseguianos (não fossem voces membros da saudosa T4).
Em segundo lugar, um forte abraço para o carissimo colega Santos que, não desprezando as suas raízes judaico-cristãs vem utilizar a brilhante forma da parabola (tão bem utilizada pelo, não menos brilhante, Cesar das Neves - com letra maiúscula sff carissimo colega).

Em relação à Cantina. Ora muito bem. Folgo em saber que as coisas mudam e que alguém (?) tomou tal decisão. Parece que estou a ver:

"Quer carne, peixe, prato vegetariano, macrobiótico ou prato surpresa?"
"Quer molho de carne, molho especial ou mayonase?"
"Sumo de laranja, limão ou maçã?"

Venha de lá essa variedade. Mas que a utilidade (marginal, real ou a que seja) de cada refeição, lanche ou simples café seja máxima. Que isso sirva para manter os estudantes na faculdade, dando-lhes condições para tal. Que isso contribua para um melhor aproveitamento.

Gosto de ver o saudavel convivio que existe entre a cantina e o "delta". Há espaço para os dois, para a iniciativa privada pura e para o misto entre iniciativa estatal com mão privada.

E porque isto não é um post, é apenas um comentário, fico-me por aqui.
Bons almoços mas acima de tudo bons estudos. Bebam um café por mim.

January 10, 2005 at 1:46 PM  
Blogger LuisQSM said...

Peço desculpa pelo meu atrevimento em participar neste blog, mas o facto de se chamar "O Quelhas" despertou-me algum interesse.
Gostava de saber a razão pela qual escolheram esse nome e se algum de vocês tem como apelido "Quelhas".
O meu nome é Luis Quelhas Marques e este apelido de família ja vem dos meus antepassados.

Cumprimentos,

LuisQSM

January 11, 2005 at 1:10 PM  
Blogger RicardoSantos said...

caro luis, como está patente em alguns posts, este blog deve o nome a um jornal que existiu há cerca de 6/7 anos e era publicado pela Associação de Estudantes do ISEG (que se situa na rua do Quelhas).
De qualquer forma obrigado pela visita e volta sempre!

January 11, 2005 at 10:19 PM  
Blogger Goncalo Boavida said...

Caro Ricardo,
O Luis que ninguém conhece (salvo o devido respeito) tem direito a resposta, e aqui o amigo de longa data nem um "comentariozito"

January 12, 2005 at 12:16 PM  
Blogger Hugo Costa said...

Caros, amigos...quanto à cantina, parece que eu sou obrigado uma vez na vida a me converter ao privado em vez de público.
Em relação ao "Quelhas", finalmente ele está de volta...afinal a lei de quem os maus expulsam os bons continua a se aplicada. E os "bons"...fazem o que prometem ganhem ou não.

January 12, 2005 at 5:49 PM  
Blogger RicardoSantos said...

carissimo colega! Se não o fiz aqui no blog, tive a oportunidade de o fazer, via msn! E isto o tempo por vezes escasseia...
De resto, em relação ao delta, como sabes era fã do espaço, mas agora especialmente a tarde anda muito morto, e a hora de almoco muita confusão... perdeu o seu ambiente característico.

P.S: obrigado pela divulgação do nosso blog no para-amigos. Como é que faço para divulgar o teu?

Forte abraço para a terra onde nasceu Karol Wojtila!

January 12, 2005 at 10:07 PM  
Blogger Goncalo Boavida said...

Obrigado. Explico-te via msn. Abraço

January 13, 2005 at 12:48 PM  
Anonymous Anonymous said...

Olás!Tenho-vos de felicitar por esta ideia de reactivar o jornal "O Quelhas" aderindo às novas tecnologias e a esta onda dos blogs!Não sou do tempo da criação deste jornal,nunca o vi activo, mas folgo ver o projecto a andar para a frente e com temas k interessam aos iseguianos e k mtas xxs são ignorados.Quanto à questão da cantina creio k realmente houve determinadas melhorias mas creio que está tudo ao abandono...o aspecto das funcionárias n é o melhor e no k diz respeito aos trocos e às contas é um caso sério...ms n s pode negar que a qualidade da cantina melhorou consideravelmente o que me espantou visto os preços se terem mantido iguais! Saudações iseguianas Catarina Teles

January 16, 2005 at 4:39 PM  

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